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domingo, 7 de abril de 2013



Ela era totalmente maluca. Um pouco fora dos padrões femininos. E ela não se preocupava nenhum um pouco com isso. Não tinha o costume de ligar para dizer que estava com saudades, nem mandar mensagens de boa noite. Mostr...ava suas opiniões como quem se dá algo emprestado, mas não gostava de pedir nada em troca. Achava as pessoas chatas, bobas, mal educadas, insensíveis e não via graça na maioria das coisas que elas faziam. Não demonstrava sentimentos, embora era carente deles. Não tinha medo, embora não deixasse as pessoas se aproximarem logo de começo. Ela reconhecia a sua personalidade, tinha sempre uma explicação na ponta da língua para as suas atitudes e várias desculpas para as suas mentiras.
Aquela moça era feita inteiramente de sonhos, embora já tenha desistido de alguns. Trocava de lugar quando algo não lhe fazia bem. Era justa nas suas decisões, pois sabia que mais ninguém além dela mesma saberia o que te faria bem. Era determinada e um tanto indecisa. Partia, voltava, partia, voltava, até que um dia ela partiu e nunca mais voltou. Tinha explicações para tudo, até mesmo para a sua falta de explicação. Às vezes ela perdia o controle quando percebia que alguém tentava mudar a sua direção. Mas logo tomava o rumo de toda a situação. Não gostava de desperdiçar as horas deitada na cama. Ela era movida a uma energia sem explicação. Não aparentava ter a idade que tinha e gostava disso, pois não se sentia bem ao lembrar da sua obrigação.
Fria, calculista, ácida. Engoliu besteiras a vida toda, hoje ela vomita sinceridades na cara das pessoas. O que ela tem de errado ela não concerta, pois sabe que pode perder a graça sendo certa. Tomava decisões e se embriagava de desafios. Perdia-se a cada mudança e logo se encontrava nas próprias esperanças. Não gostava de esperar. Sentia sono ao acordar. Sabia separar cansaço com desânimo. Tinha os pés no chão mas percorria com velocidade as nuvens de algodão. Adorava dias de Sol, mas por dentro era constante as tempestades de emoção.
Ela tinha um olhar penetrante, um sorriso sincero e um tanto sem jeito. Sensível, descobriu que gostava de tristeza, de escrever sobre ela e de afogar nos seus próprios dramas. Reclamava das coisas por costume. Era intensa nos seus sentimentos, fiel nos seu compromissos, dava conselhos mas não os seguia. Descobriu com o tempo que demonstrar suas dores era colocar a sua própria vida em risco. Mas não adianta, sua teimosia falava mais alto. Ela se define mas não se limita, pois ela é totalmente fora dos padrões de limite.



Maíra Cintra

sexta-feira, 5 de abril de 2013



Lembrei de quando eu era criança: as coisas eram mais simples. Minha maior tristeza foi cortar o cabelo da Barbie e descobrir que ele jamais iria crescer novamente. Meu maior problema era ter que subir em um banquinho para conseguir me enxergar no espelho para escovar os dentes.
Como a gente muda, meu Deus. Como os sonhos mudam. Alguns foram embora, me deixaram. Outros cresceram juntinho comigo. Alguns sonhos, impacientes, fizeram as malas e se foram sem ao menos deixar uma foto como lembrança. E eu fico aqui, um pouco saudosa, tentando lembrar o que um dia eu quis.



Clarissa Corrêa