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segunda-feira, 15 de novembro de 2010


Não sei bem o que se passa aqui...

Tem dias que me faço em mil pedaços e desapareço entre os grãos de areia. Eu sei que faço falta nesses dias e que você me ama menos por eu ser assim. Se fosse possível faria você se lembrar apenas do meu lado bom e do meu momento são. Acho que até abriria mão da sua companhia pra te poupar disso tudo, esse voo maluco que eu crio não fará sentido pra você quase nunca e os dedos apontados em minha direção vão me fazer ficar cada dia mais longe de ti.
Essa distância te faz mal e te faz perder o sono e a fome, sei disso. Tentei te falar que a sua casa não é mais o seu lugar, mas você insiste em permanecer aqui acreditando em mim. Por favor, não espere nada de mim! Eu não tenho quase nada pra te dar e não quero ver você vivendo de migalhas. Não quero ver você assim
Não acredite demais no amor, vai ter horas que é melhor não acreditar em nada e se desfazer (literalmente). Você ainda é menina, sorriso e olhos de menina... Precisa de um pouco mais da vida e do mundo, do barulho da cidade e da fumaça da cidade. Precisa de dias ruins e de duvidar de você, de mim. Precisa não precisar de nada. Você precisa não morrer tão cedo.
Lembro da primeira vez que você me viu e se encantou com os meus olhos que pareciam brilhar... Tive medo de te deixar triste. Já desejei que meus olhos não expressassem nada e que ninguém olhasse pra mim na rua, que eu fosse apenas mais um ponto no meio dos pontos de interrogação. O meu desejo de não ser é maior ainda agora quando lembro de você. Por favor, me perdoe por ser eu!
 
(Do livro DIVÃ de Martha Medeiros)

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