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quinta-feira, 22 de maio de 2014


Sem ter culpa nenhuma, nem ter optado por isso, fui a ovelha negra da família. Era esquentada, fogo na roupa, muito marrenta. E nadar contra a maré, custa caro demais. Ninguém engole o cara de pau, que envergonha a mentira, que não poupa o que dissimula. Ninguém gosta de quem não se evita, que entorna o caldo do hipócrita, que chuta o pau da barraca. Dedos não são apontados pra quem se anula, são esfregados na cara de quem peita a vida. Ninguém pede a cabeça de quem se cala,mas luta com todas as armas pelo fracasso do forte. De tanto apanhar, chega um momento que criamos cascas. Balança tudo, zumbe o ouvido, desnorteia. A gente enverga, anda torto, dói. Ah como dói. Chega um dia, que a gente não pergunta mais os porquês, não se importa mais com "o mundo contra nós", não dá mais tempo pra isso. Chega uma fase, que não cabe mais choramingo, abrimos mão das desculpas, cortamos laços com a fragilidade. Desaprendemos o discurso do "por que eu?", ignoramos mediocridades, priorizamos o que é nobre. A vantagem de ser "casca grossa" é que só alcança nosso coração quem realmente merece. Não é qualquer um que nos fere, nem qualquer ventinho nos adoece. Encaro o mundo com o coração, luto com as armas que tenho, me preservo de toda maldade. Sou protegida pela paz, alicerçada na fé e não abro mão da verdade.


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