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sábado, 22 de maio de 2010

Morar sozinha...

Morar sozinha é um eterno exercício de conviver com a falta das coisas. Falta comida na geladeira, falta Veja Multiuso, falta Perfex e falta gelo no congelador. Faltam coisas que a gente, simplesmente, esquece de comprar. Só que, tem dias, como as tardes de domingo, que faltam muito mais coisas do que essas que a gente simplesmente esquece de comprar. Falta a conversa com a melhor amiga de infância que não está aqui mais, falta o colo da mãe, falta o pai reclamando de tudo , falta a briga com o irmão do meio, falta o conselho do irmão mais velho, falta o assovio estridente do Coração na varanda, falta a Quita e o Coração brigando e se bicando depois, falta o carinho do namorado (!!!), falta aquele filme tosco com edredom no sofá da sala.
Quem mora sozinha, às vezes, se sente a pessoa mais triste do mundo. Mas não é tristeza. É só saudade. Como já disse Martha Medeiros, “saudade é (...) não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche” e eu digo mais. É não saber o que fazer com as tardes de domingo que nunca terminam. As tardes de domingo, quando cada um está na sua casa, com sua família, com seu namorado e, você está na sua casa, com sua TV e seu DVD (pirata) da Grande Família.
Mas tambem existe o lado bom de morar só, que é as reuniões dos amigos em sua casa, é as festinhas no salão de festa, é os banhos de piscina e bebida até o final do dia, é seu AP cheio em época de carnaval, é a preocupação daquela amiga mas chegada que liga só pra saber se vc está se alimentando bem, e tem a outra amiga que adora passar as tardes com vc só para fofocar.
Viver sozinha é aprender a dar valor às coisas simples da vida: o cheiro de quem a gente gosta, a conversa jogada fora, a crise de riso (por um motivo que nenhuma outra pessoa no mundo acharia graça), o abraço de quem não volta mais, a tarde na beira do rio, os pés embolados debaixo do edredom, o socorro à 1h30 da manhã de terça-feira quando você não tinha forças nem pra se levantar. Morar sozinha é aprender a conviver com sua própria companhia e ter que gostar dela, e cada dia que passa gosto mas da minha própria companhia.


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